segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Vida Louca


A cada manhã acordamos e agradecemos por mais um dia a Deus. Fingimos que nunca vamos morrer. Queremos esticar a vida ao máximo. Alias também a queremos também vivenciar a nossa juventude e estarmos sempre felizes. A saude tornou-se um valor absoluto para a nossa especie. Agora tem as cirurgias plasticas, alimentos organicos, lights e os diets, isto é, movimenta uma grande industria alimentada pelo nosso medo de envelhecer. Tendo em visão que a nossa velhice e a morte não podem ser burladas. Um número cada vez maior de pessoas consome seus dias numa rotina de cuidados para preservar saúde e juventude.

Estava vendo uns videos na internet. E por acaso vi alguns videos do Cazuza. Por causa do meu tio e padrinho cheguei a conhecer-lo. E vivenciei algumas de suas historias. Cazuza contraria todos os valores de uma vida plena de saúde física. Nada mais distante de Cazuza do que essa cidadania cheia de proibições. O maior poeta da minha geração, morreu jovem, ao fim de uma vida de muito sexo, álcool, drogas, amores e poesia. Mas não foi a morte precose que me deixou perplexo. É a vida de Cazuza. Percebi que, com sua vida intensamente vivida, Cazuza questiona um valor que nos é muito caro: a duração da vida.

Cazuza dizia que via a cara da morte e ela estava viva. Mas o que Cazuza fez foi nos confrontar com sua poesia contundente. Proponho um outro valor para medir a vida: não mais o comprimento da vida, mas a largura. Quando meu tio e padrinho contam algumas histórias de Cazuza, vejo que não é uma vida desperdiçada, mas uma vida sem um segundo desperdiçado. Cazuza aponta seu dedo atrevido para a nossa vida condenada não pela doença, mas pela saúde. Para a nossa vida que não bebe, não fuma, corre quilômetros numa esteira sem chegar a lugar algum, não come feijoada nem churrasco por causa do colesterol, dorme pouco e trabalha a maior parte do tempo em que está acordado para poder comprar todos aqueles artigos de consumo que supostamente vão tapar o buraco deixado por essa vida sem vida.

Não quero que todos se bebam até parecer uma cirrose. E com isso não estou defendendo que tenhamos todos de nos matar de overdose numa grande orgia sexual. Muito menos fumar até aparecer um câncer no pulmão. A intensidade só pode ser dado por cada um de nós. Como vivemos nossa vida ou nossa morte é livre arbítrio. Apenas, talvez, podemos parar para pensar com qual medida queremos viver a nossa vida desde já. O comprimento ou a largura?

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